segunda-feira, 30 de novembro de 2009

COMUNICADO: Referendo na Suíça dá vitória à intolerância religiosa

REFERENDO NA SUÍÇA DÁ VITÓRIA À INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

Contra todas as sondagens, a Suíça votou em referendo a favor da proibição da construção de minaretes nas mesquitas islâmicas. Foram cerca de um milhão e meio de pessoas que votaram na proposta da extrema-direita daquele país.

Início do século das liberdades e a Europa está a ser varrida por uma onda de intolerância protegida pela institucionalidade onde a extrema-direita se refugiou.
Desde a Itália à nova lei de imigração em Espanha, o delito de ser diferente está a ser como nunca, ou como noutras épocas, cada vez maior.

O SOS RACISMO vem juntar-se, por isso, ao coro de protestos que necessitam ser ouvidos na Europa e no mundo, desde os líderes religiosos de todas as correntes, à Amnistia Internacional, passando por todas as pessoas que têm a coragem de levantar a sua voz contra esta maré de injustiças contra os seres humanos que se expressam culturalmente.

Apelamos também a que muitos sectores da sociedade se façam ouvir e apoiem a iniciativa junto ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos que visa contestar a proibição por esta não se rever nos textos e princípios da União Europeia. Lamentamos também que a maioria dos seus dirigentes se tenha esquecido desses mesmos, pelo menos a julgar pelos silêncios às perseguições de seres humanos em Itália…

PELA LIBERDADE RELIGIOSA, CULTURAL, DE EXISTÊNCIA!!! NÃO PERMITAMOS QUE NOVAS INTOLERÂNCIAS NOS ARRASTEM PARA A LONGA NOITE QUE O FASCISMO NOS ARRASTOU.

Pelo SOS RACISMO
Ricardo Gomes

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Muro MELILLA - MARROCOS

Melilla, cidade espanhola do norte de África, rodeada por Marrocos e aos pés do Mediterrâneo, é reconhecida pelo seu multiculturalismo e diversidade religiosa, e também, desde há alguns anos pelo seu infame muro. Esta materialização do ideal da Europa fortaleza, tem uma extensão de 12km e é constituído por uma dupla barreira: uma rede metálica na fronteira espanhola e um muro de cerca de 3 a 6 metros de altura no lado marroquino, limitado por um fosso de 3metros de profundidade e reforçado por um sistema de videovigilância, barcos de polícia costeira, barragens e postos de controlo com um alcance de 200km! E já se pondera um terceiro reforço à barreira...Mas afinal, de que se defende tão desesperadamente a Europa?

Em Setembro de 2005 a Europa e o mundo acordaram com a imagem chocante do assalto de centenas de imigrantes, na sua maioria subsarianos, ao muro. Corpos presos no arame farpado que o reveste, com os membros partidos, a sangrarem e a gritar por ajuda. A este grito a Europa respondeu...com o envio do exército espanhol e um ultimato a Marrocos! Que este reforçasse a defesa do muro, as suas fronteiras, o controlo nos campos de refugiados e aceitasse o repatriamento dos imigrantes. Marrocos pressionado, assim fez: carregou na carga policial (a ONG Médicos Sem Fronteira refere que cerca de ¼ dos casos a que dá assistência têm a sua origem em violência policial) e começou a reencaminhar os imigrantes para a fronteira com a Argélia de onde seguiriam para os seus países de origem. Não tardou...a denúncia de centenas de imigrantes abandonados no deserto, sem água, comida ou assistência médica! E os 'assaltos' continuam...

A Europa, e de resto, o Norte, procuram por meio de muros da vergonha, como este, proteger-se do 'assalto' das populações do Sul, à procura de uma vida melhor, muitas vezes mesmo só da sobrevivência. E o Norte não quer e mostra que não porá o seu 'bem-estar' em causa, que manterá políticas de clara exploração desses povos e, simultaneamente, a suas portas fechadas.

E assim se explicam aberrações de muros como este, numa lógica de perpetuação da assimetria Norte/Sul e com a atitude de permanente desrespeito dos direitos humanos.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Muro MARROCOS – SARA OCIDENTAL

Autoria: DR

'Eles chamam-se filhos das nuvens, porque desde sempre perseguem a chuva.

Desde há mais de trinta anos perseguem, também, a justiça, que no mundo do nosso tempo parece mais esquiva que a água no deserto'
Eduardo Galeano

Do longo processo de descolonização de África há um território que permanece desde há mais de 30 anos em luta pela sua auto-determinação, o Povo Saarauí, com o seu território, o Sara Ocidental.

Limitado a norte por Marrocos, a este pela a Argélia, a sul pela Mauritânia e a oeste pelo Oceano Atlântico, manteve-se sob o jugo da Espanha colonialista até à queda de Franco. Ainda sem a independência alcançada o rei marroquinho Hasan II deu ínicio à Marcha Verde – processo de repovoação do Saara com cidadãos marroquinos para que, no caso de se realizar um referendo à independência (nunca realizado!), a balança se inclinasse a favor do ocupante. A Frente Polisário, a guerrilha saarauí, que lutou contra a colonização espanhola, encabeçou a resistência armada contra Marrocos até 1991. Frente a frente ficaram, nas areias do deserto, os guerrilheiros da Frente Polisário e as forças marroquinas de Hassan II. O exército marroquino retirou-se para uma zona restrita do deserto, mais próxima da sua fronteira e constituiu o chamado "triângulo de segurança", que compreende as duas únicas cidades costeiras e a zona dos fosfatos. A limitá-lo, ergueu um imenso muro há mais de 20 anos, com uma longitude de cerca de 2790km (cerca de 60x a extensão do muro de Berlim), com um radar previsto de 15 km e postos de vigilância a cada 5 km. Não fosse o bastante, minou-o ao longo sua extensão.

A muralha não serve só para separar o Sara Ocidental de Marrocos, mas essencialmente para separar o terço mais árido do território saaurí do resto, abundante em recursos pesqueiros, energéticos e minérios, como o fosfato. E de resto, a história parece repetir-se, como em tantos outros momentos e noutros pontos do globo, numa lógica de segregação, e neste caso, de securatismo e pela defesa dos interesses de dominação de uma nação ou comunidade mais rica, e indiscutivelmente mais poderosa, Marrocos.

A isto, grande parte do mundo assiste sereno, uns por claros interesses directos, como Espanha e França, outros numa inércia vergonhosa. Com a quase totalidade dos países africanos e da América latina a reconhecerem a legitimidade da autodeterminação do povo Saarauí, a Europa resiste a fazê-lo, num claro desrespeito das resoluções da Nações Unidas, e mais, do povo Saarauí.

A população, essa na sua maioria permanece em campos de refugiados, no sul da Argélia, “estão no mais deserto dos desertos. É um vastíssimo nada, rodeado de nada, onde só crescem as pedras. E no entanto, nessas aridezes, e nas zonas libertadas, que não são muito melhores, os sarauís foram capazes de criar a sociedade mais aberta, e a menos machista, de todo o mundo muçulmano”. (Eduardo Galeano)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Memórias de Muros

Autoria: DR

Em mês de aniversário da queda do muro de Berlim, o SOS relembra outros pilares de betão que a fértil estupidez humana insiste em erguer, dividindo culturas, credos, mundivisões – dividindo pessoas.

Não podemos deixar de assinalar a leviandade com que vários actores políticos, nas celebrações mediáticas da queda do muro, se referiram à necessidade de deixar cair outras barreiras, visíveis e invisíveis, que ainda persistem e pululam pelo globo, como se a responsabilidade por tais factos lhes fosse completamente alheia…

Infelizmente, o fim de regimes abertamente racistas (a América das Leis de Jim Crow e os regimes do III Reich e do Apartheid Sul-Africano) não afastou definitivamente o espectro do Racismo Institucional. Ele persiste, resiste e multiplica-se - mas a imponência do ditado da “água mole” faz-nos acreditar que a mudança é possível… se ainda formos a tempo.

Assim, iniciamos aqui no blog uma série de textos sobre vários exemplos de barreiras segregacionistas que ainda perduram em pleno Séc. XXI, esperando também pelo contributo dos nossos leitores para a discussão, denúncia e divulgação.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Formação do SOS Racismo - Tocha - 7 e 8 de Novembro


Começa uma vez mais, no próximo fim-de-semana, a formação do SOS RACISMO na Tocha. Este encontro anual serve para os diferentes núcleos e pessoas do SOS pelo país encontrem um espaço de discussão comum para que os conhecimentos e experiências sobre a vasta temática. Este ano decorre nos dias 7 e 8 de Novembro, na Quinta da Fonte Quente, Tocha.

O programa está, este ano, dividido em dois temas: a questão da palavra raça e do seu significado; e o direito à habitação, onde se discutirá bairros, pobreza, discriminação… São mesas abertas onde todo o espaço para conversar, debater, perguntar, esclarecer… é teu e de todas as pessoas que nele estão.

E se não chega, vem à mesma, porque o convívio nocturno e as amizades serão enriquecedoras…